O dono do Instagram e Facebook vai mudar as regras de verificação de fatos nas duas redes sociais, adotando um sistema parecido com o X/Twitter. Esta é a notícia do dia, que ligou o alerta em várias entidades e pesquisadores que estudam e trabalham com a desinformação. Mas vai mudar muita coisa mesmo?
Primeiramente, eu preciso dizer que o Mark Zuckerberg afirmar que América Latina e Europa estão avançando com a censura soa muito mais periogoso do que a mudança no fact-checking. Porém, até isso eu tenho dúvidas. Falo mais sobre isso abaixo. O foco aqui é a desinformação nas redes sociais da Meta.
Fiz um rápido acesso as duas redes, Instagram e Facebook, para ver o que o algoritmo da Meta visualizava para mim. O Facebook eu praticamente abandonei há mais de um ano. Só não fechei a conta por causa de alguns grupos de classificados da cidade de Coimbra, muito úteis para mim. Já o Instagram eu meio que larguei há seis meses. Uma média de uma postagem por mês. Dou um pouco mais de atenção para os stories.
O que eu vi na timeline de Instagram e Facebok? Porcarias, inutilidades e desinformação em meio a postagens de pessoas que eu sigo. Desde que a Meta migrou para esta lógica de publicar coisas que você não pediu para ver, eu passei a usar muito menos essas redes sociais.
Depois, eu decidi acessar o X. A rede social “malvada”, comandada pelo “malvadão” Elon Musk. Encontrei um conteúdo muito mais interessante na minha timeline. Por que? Porque o X ainda (eu disse ainda) permite ver apenas quem você segue, numa aba muito mais fácil de usar. E sim, eu faço uma boa curadoria de conteúdo no X.
O que eu quero reforçar nesta publicação é que: desde que a Meta mudou o algoritmo para publicar aquilo “que eles acham que você quer ver” o espaço ficou muito melhor para desinformação. E a mudança no sistema de checagem de fatos piora o cenário, mas pode ser quase insignificante, pois o problema é o algoritmo da timeline. O que muitas agências de fact-checking fazem é enxugar gelo.
O erro de muitos talvez tenha sido dar confiança e boa fé para a Meta, talvez porque o seu proprietário abraçou algumas pautas identitárias no passado recente. Só por dinheiro, obviamente, mas muita gente se iludiu e até achou o máximo o Threads, uma rede social muito pior que o Twitter, longe de ser seu matador.
Não quero aqui desprezar os riscos na comunicação no mundo inteiro com declarações como a recente do Mark Zuckerberb. Porém, entendo que o buraco é mais embaixo e mais antigo. Há muito tempo vivemos nesse risco. O lobby das Big Techs contra o PL 2630 foi apenas um aperitivo do que essas empresas podem fazer contra uma nação.
Por fim, entendo que o vídeo de Zuckerberg não passa de um aceno ao presidente eleito dos EUA, seguindo a boiada dos bilionários americanos, todos neste sentido. Isso significa que ele vai pressionar outros países por “liberdade de expressão”? Ele já faz isso, pô! Ele só sinalizou trocar o pink money pelo orange money.
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Excelente análise, Giovanni! Concordo que o problema maior não está apenas na mudança do fact-checking, mas na lógica do algoritmo que privilegia engajamento, abrindo espaço para desinformação. Gostei especialmente da reflexão sobre como essas mudanças refletem interesses políticos maiores. Texto muito lúcido e necessário!