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Crônicas, contos e devaneios | Página inicial do blog
5 de março de 2017

Crônica do rumo perdido

Diz o Renato Russo que você pode andar distraído, impaciente, indeciso e ainda sim estar tranquilo e contente. Para muitos, trata-se de uma paixão, outros de amor, eu chamo de domingos e segundas-feiras. Para um ansioso, tudo é duvida e incertezas, mas talvez a absoluta falta de rumo pode ser doses de felicidade em meio a tantas angústias.

Sofrer com o amanhã, com o que pode acontecer e principalmente com o que não pode acontecer já faz parte da minha rotina. E como a idade de Cristo quando morreu se aproxima, eu tinha certeza que teria mais dúvidas do que certezas, mesmo com a decisão de abandonar o Brasil e virar a vida em 360 graus há poucos meses.

Os dois meses de espera pelo visto de Portugal já me destruíram por inúmeras vezes em poucas semanas. Passada a angústia, as curiosidades e as descobertas do Velho Mundo, estou novamente em uma encruzilhada, mas diferente do ano passado, não sei quantos são os caminhos e muito menos para aonde eles levarão.

FOTO: Pedro Schmitt/Arquivo Jornal Metas

Para onde eu vou? O que será de mim até o final do ano? O que eu estarei fazendo, onde estarei trabalhando? Com quem estarei convivendo? Perguntas que sempre foram fáceis de responde ao longo da vida para períodos curtos, hoje são desafios abstratos. Não sei para onde vou, nem sei para onde quero ir.

A música do Stuart lembra que o vento só te leva para o mesmo lugar. Nem é possível deixar a vida me levar, pois diferente do Zeca, a vida não vai me levar a lugar nenhum.

Estou sem rumo, sem definições, sem uma linha a seguir. Mas esta não é uma crônica da tristeza, como disse no início, estou tão tranquilo e tão contente. Não sei com o que, não sei o que me faz bem, tampouco estou apaixonado para poder me distrair.

Apenas aproveito os dias que ainda me permitem a liberdade de não ir a lugar nenhum. Sei que logo a vida me obrigará a tomar um rumo, uma decisão difícil que eu sofrerei para escolher e passarei novos dias de angústia. Até lá, aproveitarei essa estranha sensação de não pertencimento ao mundo.

Caminharei sozinho na estrada que não leva a nada, ladeiras acima e abaixo nas montanhas portuguesas, apenas observando e tentando entender essa sensação…

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