A Federação Paranaense de Futebol bem que tentou, mas o maior clássico do futebol do Paraná foi para a internet. Atlético Paranaense x Coritiba fizeram o primeiro “Atletiba” transmitido exclusivamente pela web, através das páginas oficiais dos times no YouTube e Facebook. Há quem diga que isso é uma revolução dos clubes contra o império da rede globo e o monopólio nas transmissões de futebol. Que nada, isso é apenas o princípio de uma adequação a realidade. Vamos aos fatos:
– Coritiba e Atlético Paranaense romperam com a Globo no Brasileirão. Eles fecharam com a TV Esporte Interativo, hoje pertencente a Turner Broadcasting System, dona da CNN, TNT e outros canais americanos. A mudança será em 2019. Eles trocam para se livrar da tirania da Globo? Não, apenas trocaram por alguém que paga mais para transmitir o jogo deles.
– Coritiba e Atlético Paranaense romperam com a Globo no Campeonato Paranaense. Eles não aceitaram a proposta da emissora para o torneio estadual, que tem os direitos de transmissão mediados pela Federação Paranaense de Futebol (no Brasileirão, a negociação é direta). Não aceitaram porque entenderam que o valor era baixo demais.
– Para o clássico, eles decidiram transmitir o jogo pela internet. Contrataram quem para isso? Gente da Esporte Interativo, claro. Isso é maldade? Não, é uma obviedade. Se a nova emissora esportiva já é parecida dos clubes, porque não contratar profissionais deles para o evento?
– A Federação Paranaense não deixou a primeira partida ocorrer, alegando que a equipe de transmissão não estava credenciada, justificativa fraca, pois eram funcionários contratados pelos clubes e não uma imprensa externa. Por que a entidade fez isso? Porque ela sai perdendo financeiramente quando os clubes negam uma venda de direitos de TV mediada por ela.
– Isso é uma revolução? Não. Não há nada de revolucionário, de desafiador em transmitir pela internet. Romper com a Globo e apostar numa emissora nova, sem muita audiência e tradição no Brasil é uma decisão muito mais difícil de ser tomada, mesmo que a proposta financeira seja mais alta. Não há como comparar a audiência da Globo com qualquer outra emissora de TV.
– É uma ameaça ao império da Globo? Ainda não, mas um bom recado. A população mais jovem vive no YouTube, no Netflix e não na frente da televisão do meio tradicional. A maior parte da população brasileira, HOJE, ainda se informa e se entretém da forma tradicional, pela TV aberta, mas com o passar dos anos a tendência é que a coisa mude.
A Esporte Interativo já sabe disso. E já vende alguns pacotes de transmissão pela internet, como do Nordestão e a Champions League. A transmissão de eventos ao vivo não é novidade nem no Brasil. Em 2008, o Portal Terra colocou cinco transmissões simultâneas das Olimpíadas, de graça, em seu site. O YouTube, desde que lançou a plataforma ao vivo, já passou shows e outros eventos de entretenimento. Uma hora chegaria ao futebol.
Os times do Paraná são pioneiros, trouxeram algo que era inevitável ao futebol. Daqui a uns anos, estaremos lembrando desse jogo como pontapé inicial. Mas não chega a ser uma revolução, pois é algo que já acontecia em outros entretenimentos e também no esporte (outros países/modalidade). A questão não é enfrentar a Globo, a questão é levar o futebol aonde os mais jovens estão.
– Vamos nos livrar da Globo? Não, necessariamente. A maior emissora do Brasil ainda possui créditos com os clubes e possui totais condições de se adequar ao novo mercado. Talvez, o que mude logo seja o engessado Pay Per View, que não dá nenhuma opção ao consumidor, a não ser comprar o Brasileirão todo.
Ah, sim. A Netflix ainda não entrou nessa de transmissões ao vivo. Mas uma hora entrará….
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