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Covid-19: Toque de recolher funciona?

Comum em vários países da Europa durante a segunda onda da pandemia da Covid-19, o toque de recolher será um instrumento utilizado também no Estado de Santa Catarina. A volta do governador Carlos Moisés, após ser afastado em uma tentativa de golpe parlamentar, pode ter ajudado a viabilizar a medida.

O decreto do governador ainda não foi publicado, por isso não sabemos ainda qual será o horário exato da restrição. Mas enquanto muitos catarinenses têm dúvidas sobre a eficácia da medida, vale relatar aqui a experiência de Portugal.

A segunda onda nas terras lusitanas começou em outubro, mas intensificou-se a partir do mês de novembro. Os bares, que funcionavam até 1h no verão, com baixa fiscalização, passaram para 22h30min. Ainda sim, os casos aumentavam, com o índice de transmissão (R) acima de um.

As autoridades de saúde projetavam uma média de 7 mil casos por dia no começo de dezembro com as medidas de prevenção adotadas. Foi quando o governo decidiu aumentar as restrições, implantando também o toque de recolher. As regras ficaram as seguintes:

  • Toque de recolher entre 23h e 5h
  • Os 308 municípios foram divididos em 4 categorias de risco de transmissão. As duas mais altas tinham regras ainda mais restritivas.
  • Nos dois últimos casos, o toque de recolher nos fins de semana e feriados começa às 13h. Depois deste horário, só pode ficar aberto quem trabalha com entrega em domicílio.
  • Nos dois feriadões nacionais (1 e 8 de dezembro, terças, são feriados), ficou proibido circular entre os municípios de sexta-feira a noite até quarta-feira de manhã.

Resultados

O índice de transmissão (R) caiu para menos de 1 no país e os casos estão a diminuir sempre em relação a semana anterior. Por exemplo, na quarta-feira, 25 de novembro, foram cerca de 5 mil casos. Na quarta-feira, 2 de dezembro, cerca de 3 mil casos.

Quando o anúncio do toque de recolher às 13h foi feito, muitos aqui fizeram piadas como “o vírus só chega no sábado à tarde”, para desdenhar da eficácia da medida. Mas os números provam que funciona.

Santa Catarina já possui um modelo próprio de risco de contaminação. Pode, então, aperfeiçoar as medidas de combate ao vírus, fazendo elas por nível de risco.

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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