Ricardo Vélez na Educação, Ernesto Araújo nas Relações Exteriores e Damares nos Direitos Humanos. De todas os ministros escolhidos por Jair Bolsonaro, os três citados são aqueles que mais assustam não apenas à esquerda, mas também como a direita no Brasil. São duas indicações do astrólogo Olavo de Carvalho e uma da bancada evangélica, pessoas despreparadas que vem colecionando pérolas desde o início do governo.
Damares pode ser a mais folclórica, mas é Vélez na Educação que mais gera noticiário ruim ao governo. Além de bizarrices como pedir para que as escolas mandassem vídeos dos alunos cantando o hino nacional, Vélez mostrou que não faz ideia do que fazer a frente de um ministério que virou palco de inúmeras guerras internas no governo, com várias demissões em menos de 90 dias. Dono de um dos maiores orçamentos da União, o MEC está à deriva nas mãos de um incompetente.
A esquerda tem motivos para ter esperanças. A renovação nos quadros à esquerda do Congresso mostra-se interessante. Ontem, na comissão de Educação da Câmara, Vélez foi destruído por duas deputadas em primeiro mandato, em ascensão na política: Tabata Amaral (PDT-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) têm muito potencial para crescerem. Juntas, agiram como “policial boa” e “policial má” no depoimento de Vélez na comissãol
Formada em Ciências Políticas na Universidade de Harvard, Tabata Amaral (PDT-SP) já era notícia desde suas vitórias nas olimpíadas de matemática no Brasil, e depois por ter ganho bolsa de estudos nos Estados Unidos. Ativista da educação, foi a “policial boa” no depoimento de Ricardo Vélez: tratou ele como se fosse um ministro de verdade e fez perguntas técnicas sobre gestão pública na Educação. Com classe, mostrou que o escolhido do astrólogo não tinha feito nada em quase três meses de gestão.
Vereadora por dois mandatos em Porto Alegre, Fernanda Melchionna (PSOL-RS) é a estrela em ascensão no PSOL gaúcho, que sempre teve a ex-deputada Luciana Genro como rosto principal. Com um histórico de bandeiras em defesa do serviço público, foi a “policial má” com Vélez: listou as pérolas do atual ministro da Educação e foi bem direta, ao melhor estilo PSOL: a melhor coisa que Vélez pode fazer pela Educação é deixar o cargo.
Se foi proposital eu não sei, mas que o governo conseguiu manter sua militância unida mesmo diante das bobagens de Vélez usando a imprensa. Eliane Cantanhêde, jornalista do Estadão e Globo News, anunciou que Bolsonaro havia decidido demitir o ministro da Educação. O presidente negou a informação pelo Twitter e fez com que os bolsonaristas focassem em atacar a Globo por mais essa barrigada.
É possível e provável que Bolsonaro tenha realmente dito a um membro do governo que cansou de Vélez. Porém, a imprensa já deveria saber que o presidente usa deste artifício, proposital ou não: quando a imprensa se antecipa, ele volta atrás para acusá-la de fake news. Supreende uma jornalista com a experiência de Eliane ter caído nessa sabendo o histórico do governo.
Ricardo Vélez deve cair, mas Bolsonaro deve adiar um pouco só para dizer que a imprensa estava errada.
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