Não tem jeito. O jornal impresso está em decadência e deve deixar de existir ou tornar-se irrelevante na próxima década. A cada dia que passa, diminui o número de pessoas que procuram os impressos para se informar. Isso porque a geração adulta atual é de um tempo em que o jornal fazia parte do nosso dia-dia. A nova geração, nascida na internet, não demonstra interesse nenhum. E logo logo eles serão o principal público consumidor de informação.
O que aconteceu com os jornais do Grupo RBS nesta terça-feira (5) é mais uma prova do fim do jornal impresso. As três publicações no Estado (Jornal de Santa Catarina, Diário Catarinense e A Notícia) tiveram mudanças no projeto gráfico e editorial. É praticamente o mesmo jornal que circula em Blumenau, Florianópolis e Joinville, mudando uma matéria ou outra, os colunistas e tal.
Junto com as mudanças desta terça, vieram 130 demissões que, segundo a carta enviada pelo presidente do grupo, não é por causa de uma crise financeira mas um redesenhamento. Pergunta: os diretores da RBS acham que demissão é um esporte? Claro que não. A empresa pode ter grana no caixa, mas sabe que o interesse pelo jornal irá diminuir e, consequentemente, os anúncios vão cair. Então, já começaram a enxugar as redações.
O novo projeto dos jornais matou as tradicionais editorias: Geral, Política, Economia. Eles se dividem no caderno A em Notícias, Sua Vida e Esportes. O lazer se chama Anexo e o caderno do final de semana se chama Donna. O Santa desta terça-feira entra para a história. Pela primeira vez, vejo um jornal sem matéria de política, sem um colunista LOCAL de política. Essa editoria foi literalmente para “as cucuias”.
A RBS, como qualquer outra empresa de comunicação, percebeu que o interesse pelos jornais cai a cada dia. E diferente de outros jornalões do eixo, que não abrem mão do tradicionalismo, os gaúchos decidiram inovar. E deu medo. Se é esse o futuro do jornal impresso no Brasil, o caso é preocupante…
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O Museu Oscar Niemeyer em Curitiba está com uma exposição bacana sobre os princípios do fotojornalismo no Brasil a partir da revista O Cruzeiro. São fotos e edições históricas que marcaram o semanário nos anos 40 e 50. Vale a visita. O público viaja no tempo para ver um tipo de jornalismo que está desaparecendo a cada dia do Brasil por falta de leitores.