A frase da semana no Brasil, do ministro da Economia Paulo Guedes:
Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada. Mas espera aí? Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praia bonita.
Horror a pobre? Asco em ver as classes mais populares ascenderem socialmente sem que a sua tenha crescido na mesma proporção? Heranças de um discurso escravagista tipo Casa Grande e Senzala? Preocupação em manter a desigualdade social como ela está para separar a sociedade em castas? São muitas as acusações feitas ao ministro da Economia após mais uma gafe (não foi a primeira de Guedes). A melhor crítica foi do jornal Extra, do Rio de Janeiro, que comparou a fala do ministro aos bordões do personagem Caco Antibes (Miguel Falabella) do programa Sai de Baixo.
Mas todas essas acusações e críticas ao ministro poderiam ser feitas para muita gente das classes sociais mais altas do Brasil. O discurso de Guedes é asqueroso, elitista e repugnante, mas é o pensamento de uma classe dominante no país. A novidade é termos esse pensamento dito de forma explítica.
Durante a ascensão da classe C no segundo governo Lula, comentários semelhantes ao de Guedes popularizaram no país. Surgiu um bordão “Aeroporto virou rodoviária”, na burguesia brasileira, que virou motivo de piada como o vídeo abaixo, feito por Marcelo Adnet em 2010:
Não é apenas a turma que assumiu o Brasil em 2019 que pensa como Paulo Guedes. Tem muito mais gente nesse grupo. A desigualdade social no país sempre foi um projeto, não um acaso.
O professor de filosofia Paulo Ghiraldelli brincou no YouTube dizendo que o Paulo Guedes tinha se filiado ao PT. Isto porque seu discurso ajuda a narrativa petista. Vejamos: o ministro disse que nos governos anteriores, o pobre podia ir para Miami. Não há propaganda melhor para Lula e cia que um discurso desses.
A revolta que você lê no twitter das lideranças de esquerda com a frase de Guedes esconde uma felicidade imensa pelo ocorrido. Assim como o trecho nazista da fala do ex-secretário de Cultura, a gafe de Guedes é munição não apenas contra o bolsonarismo, mas contra todos os governos de direita.
Portanto, o problema não é o ministro da Economia ter dito o que disse. Na verdade, foi ótimo ele dizer. O problema é a existência desse pensamentos entre os mais ricos. A desigualdade social no Brasil é um desiderato. Enquanto for, será muito difícil combate-la.
O bolsonarismo presta um serviço ao tornar explícito o que há de pior no Brasil. O desafio é saber usar isso em favor de quem defende um governo que preze por justiças sociais e um desenvolvimento mais humano.
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