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PAUTA NELES #2 – O estrago de um clickbait

Um clickbait horroroso, o futebol fechando com o gatonet são alguns dos assuntos da coluna PAUTA NELES desta semana. Boa leitura!

UM CLICKBAIT DOS PIORES

Na semana passada, a Folha de São Paulo descobriu que um evento cultural em Blumenau utilizava linguagem neutra. Um evento independente, porém, financiado através do Prêmio Herbert Holetz, o fundo municipal de apoio a cultura local.

Um péssimo exemplo de clickbait da Folha

Ou seja, uma notícia irrelevante no cenário nacional, certo? Pois para a Folha o assunto mereceu destaque na coluna Painel. Por que? Porque o prefeito de Blumenau é filiado ao PL de Bolsonaro. Assim, a manchete da Folha foi: “Prefeito do PL usa linguagem neutra em evento em Blumenau“.

O prefeito não usou linguagem neutra coisa nenhuma! O prefeito não tem (ou não deveria ter) poder para impedir o projeto cultural, pois a seleção no edital é feita por técnicos convidados de outras cidades. A Folha fez um título clickbait, sensacionalista e ainda publicou no primeiro parágrafo que a prefeitura promovia o evento. Tudo mentira!

Por fim, um resultado trágico. A Prefeitura mandou cancelar a última edição do projeto, no domingo passado. E até o fechamento desta coluna, não explicou o motivo da decisão. O Ministério da Saúde Jornalística adverte: clickbait faz mal para todo mundo.

PFC: PIRATARIA FUTEBOL CLUBE

Nada é tão ruim que não possa piorar. A Globo monopolizar as transmissões do futebol brasileiro era ruim. Mas com a divisão dos clubes em duas ligas para venda dos direitos de transmissões, a tendência é piorar. Um grupo fechou com a Globo, SporTV e Premiere, já o outro…

O outro grupo de clubes decidiu fatiar os jogos que possui direito (quando seus times são os mandantes) em vários canais diferentes. Resultado? É possível que oito dos 10 jogos dos Brasileirão de 2025 sejam transmitidos em diversos streamings: Globoplay, Prime Video, Max, YouTube Premium… O público vai assinar todos eles? Não! O povão vai é investir no gatonet, transmissões piratas, etc..

ÁUDIO LIVRE

Se a proliferação de streamings tornou-se regra no audiovisual, obrigando o telespectador a comprar vários serviços ou apelar para os piratas, o áudio continua a salvo. As grandes gravadoras não são boazinhas, porém, o modelo de negócio deles permite que você ouça quase tudo em qualquer streaming de áudio. Até quando? Não sabemos…

DEBATES

Kamala Harris e Donald Trump se enfrentaram num debate há poucos dias nos Estados Unidos, mas o grande vencedor foi a ABC. A emissora americana apostou em um fact-checking em tempo real e desmentiu na hora, as sandices ditas pelo candidato republicano.

Mais do que o compromisso jornalístico de apurar os factos, a emissora americana talvez tenha salvado o formato debate televisivo em coberturas eleitorais. Se o estilo porra-louca de não seguir regras, falar qualquer coisa que sai da cabeça e insultar os adversários com mentiras a toda hora prevalecesse, provavelmente as emissoras iriam deixar de realizar os debates em eleições seguintes. Há vacina para o vírus que alguns políticos infectaram nos processos eleitorais.

FIM DA FESTA

Achou que a imprensa internacional ia detonar o Brasil por causa do banimento do X? Achou errado! Aliás, a cobertura indica que o mundo está de olho no Brasil e os próximos capítulos em terras tupiniquins serão decisivos para outras ações mundo agora. Eles não querem banir o X propriamente, porém, uma regulação séria das plataformas está na pauta. Pode ser o fim da festa das big techs, que reinam no mundo desde a década passada em controle algum.

GLOBET

A Folha de São Paulo noticiou que Globo e SBT vão driblar a legislação brasileira para terem suas próprias empresas de apostas. Por que driblar? Porque a legislação do setor, apesar de pequena, não permite que empresas de apostas sejam responsáveis por transmissão de eventos esportivos. A Globo é quase um monopólio de transmissão e o Sistema Bet de Televisão possui os direitos da Champions League.

Já temos deputados em Brasília com projetos de lei para proibir propaganda de bets. Porém, é difícil acreditar que alguma coisa seja feita para parar o furacão das apostas no Brasil

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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