Folha de São Paulo demite vários jornalistas. Estadão faz limpa na redação. Passaralho na Editora Abril. Notícias de demissões de jornalistas e redução de equipes de redação são cada vez mais frequentes nos dias de hoje. A crise nos jornais impressos não é apenas brasileira, mas anda apavorando os profissionais do setor com os estragos, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Mas por que os jornais estão em crise? Por que ser jornalista não é uma boa opção? O mercado editorial conseguirá se recuperar?
Não, não vai. Mesmo que a economia cresça no país, mesmo que os jornalistas tenham sindicatos fortes em todos os estados, aquelas redações gigantes dos jornalões não existirão mais. Por que? Porque a fonte de sustentação dos veículos é a publicidade. E a cada dia de passa, o mercado publicitário se interessa menos pelos jornais.
Com o dinheiro que uma empresa gastava para colocar um anúncio de uma página na Folha de São Paulo, por exemplo, o departamento de marketing investe em publicidade no Google, no Facebook e em outras ferramentas digitais, com um resultado bem melhor. Sim, o Google e o Facebook são adversários do jornalismo na hora de repartir a grana da publicidade, e muito mais atrativos. Para começar porque atinge diretamente o público alvo. Em segundo, porque os jornais impressos possuem cada vez menos leitores. Alguém conhece um adolescente de 13 anos que se interessa por impresso? Pois esse será o consumidor alvo dos próximos anos…
A regra é essa: o jornal depende da publicidade para sobreviver e as empresas gastarão cada vez menos com publicidade em jornais. Sobreviverão os veículos locais, cuja a relação com a cidade onde atuam vai muito além da informação. Os jornalões continuarão, mas com equipes bem mais enxutas que as de hoje.
MAS POR QUE OS JORNAIS DEPENDEM DA PUBLICIDADE?
Por que os veículos erraram lá no começo. Partindo do princípio que a informação é um serviço que se compra, podemos concluir que as empresas de comunicação cobram um preço MUITO BAIXO PELO PRODUTO QUE DESENVOLVEM. A participação das assinaturas e vendas em banca no orçamento de uma empresa é irrisório. Em muitos casos, o jornal é distribuído gratuitamente, ou seja, NÓS DEPRECIAMOS O PRODUTO JORNAL.
Acostumamos os leitores em décadas que a informação é algo “baratinho”, quase de graça. Com a internet, convencemos ele que é bobagem pagar pela informação. Tudo isso porque sobrevivíamos com a verba da publicidade, que agora não gosta tanto da gente como no passado.
Alguns jornalões como a Folha estão tentando reverter essa situação. O paywall no site é uma tentativa de valorizar o produto jornalismo. O cidadão pagaria para ter um produto diferenciado, de qualidade. Os jornais tentam aprender com serviços online como Netflix e Spotify, exemplos bem sucedidos com número alto de assinantes por um produto que não é físico, mas possui qualidade. O problema é que acostumamos demais o público a não pagar (ou pagar pouco) pelas notícias.
ÉTICA, CREDIBILIDADE E DEPENDÊNCIA
A grande moeda do jornalismo é a credibilidade. Sem ela, é impossível fazer com que o cidadão vá pagar por uma notícia (seja por compra avulsa ou assinatura). E os jornais impressos vivem uma crise de credibilidade. Por que? Porque viveram da publicidade, seja ela empresarial ou estatal, venderam uma imparcialidade que não existe e na internet 3.0 são diariamente questionados.
Existe imparcialidade num jornal que depende da publicidade?Claro que não! Um veículo desses pode ser ético? Depende o que se entende por ética. Admitir que é sustentado por empresas ou estatais e que não irá bater de frente com seus anunciantes seria ético, mas jogaria o mito da imparcialidade no lixo.
E os blogs e sites que surgiram nos últimos anos com posicionamento político claro? É ético um portal de notícias que vive de verbas de um governo fazer um jornalismo parcial para a legenda que o sustenta? Qual a diferença desses sites para os veículos tradicionais, sustentados por grandes empresas que têm seu lado na política?
O jornalismo precisará se reinventar nos próximos anos. Quem não fizer isso irá sumir do mapa. É possível ver dois caminhos: o independente, que buscará recursos juntos aos leitores, cobrando pelos seus serviços e o dependente, que viverá da publicidade ou de apoio de grupos aliados, mas que precisará ser honesto na sua parcialidade.
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