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O primeiro grande ato do Facebook contras as fake news no Brasil foi registrado nesta quarta-feira (25). De acordo com a Reuters, 196 páginas e 87 contas ligadas ao grupo de extrema-direita MBL foram retiradas do ar. Motivo: as páginas e contas faziam parte de uma rede de difusão de fake news no país.
A notícia é comemorada nos meios de imprensa, como o primeiro grato ato contra as fake news no país. A página do MBL continua no ar, porém, sem o suporte que ajudava a impulsionar as notícias que propagava. Mas afinal, é o início de uma verdadeira guerra contra as fake news ou uma mera propaganda da Mark Zuckerberg para mostrar a sociedade que está preocupado com o fato?
Neste ano tivemos o escândalo da Cambrigde Analytica, empresa que utilizava o Facebook para difusão de fake news a favor de um candidato. Seus métodos são apontados como co-responsáveis pelas vitórias de Donald Trump nos Estados Unidos e do Brexit na Inglaterra. Zuckerberg foi ao banco dos réus na sociedade mundial, acusado de cúmplice da manipulação de informações e prometeu reagir. No Brasil, já havia anunciado uma parceria com duas agência de Fact-Checking para mapear as páginas suspeitas.
A reação
A reação do MBL era esperada. O grupo acusou o Facebook de censura e prometeu lutar para reverter a ação ocorrida. Em uma live gravada pouco depois da notícia da Reuters ter se espalhado, os representantes do movimento fizeram campanha contra a rede social, pediram aos seguidores para acompanhar pelo YouTube e Whatsapp, numa espécie de boicote ao Facebook. Detalhe: o Whatsapp também pertence a Zuckerberg e a live foi gravada dentro do Facebook. Não há nenhuma menção de possibilidade de deixar a rede social que eles acusam estar “vendida para o outro lado”.
Não é a primeira vez que o MBL ataca o Facebook. Quando a notícia da parceria da rede social com as agências de Fact-Checking foi anunciada, o grupo também atacou, colocando em dúvida a credibilidade dessas agências. O discurso é semelhante ao feito pro páginas de esquerda como o Brasil 247, que também questionou a credibilidade após uma notícia sua ser classificada como fake.
O chamado Argumentum ad hominem, quando a crítica é feita ao autor do argumento e não ao conteúdo apresentado, é recorrente na internet.
Os próximos capítulos
Nas próximas semanas, quando a eleição começar, a atitude do Facebook será muito questionada. A cada informação falsa publicada por uma página, o MBL dirá “porque essa página não foi censurada e nós fomos?”. Grupos ligados aos candidatos a presidente se acusarão mutuamente de propaganda notícias falsas, exigindo uma providência do Facebook. A rede social diz estar preparada para isso.
O fato de o ano de 2016 ser marcado pelas fake news e pela pós-verdade, 2018 poderá ser no Brasil o ano de combate as notícias falsas. O ano em que começou-se a agir contra essa e outras pragas das redes sociais. Se vai dar certo só o tempo dirá.
O papel da imprensa
Em tese, a imprensa comemora o fechamento de difusores de fake news. Além de espalhar notícias falsas, essas páginas costumam atacar diretamente os meios tradicionais de imprensa, acusando-os de fazer aquilo que eles fazem.
É fato que a imprensa perdeu credibilidade com o avanço da internet. É fato também que a imprensa tem boa parte da culpa nessa história. O cerco das páginas de fake news pode ser uma oportunidade para que muitos meios de comunicação se reestabeleçam como portos seguros de informação. O desafio do jornalismo é marcar posição, se diferenciar e com audiência. Clickbait, a corrida desenfreada por “quem dá a notícia antes”, fenômenos comuns na internet, não ajudam nesse caso.
[:en]The first act of Facebook against fake news in Brazil was registered on Wednesday (25). The Reuters says: 196 pages and 87 accounts linked to the alt-right MBL group were taken off the air. Reason: Pages and accounts were part of a fake news broadcast network in the country.
The news is celebrated in the media as the first grateful act against the fake news in the country. The MBL page remains in the air, however, without the support that helped propel the news it was spreading. But after all, is it the beginning of a real war against fake news or a mere propaganda by Mark Zuckerberg to show the society that is concerned about the fact?
This year we had the scandal of Cambrigde Analytica, a company that used Facebook to broadcast fake news in favor of a candidate. His methods are singled out as co-responsible for Donald Trump’s victories in the United States and Brexit’s in England. Zuckerberg went to the dock in world society, accused of accomplice in the manipulation of information and promised to react. In Brazil, it had already announced a partnership with two Fact-Checking agency to map suspicious pages.
The reaction
The MBL reaction was expected. The group accused Facebook of censorship and vowed to fight to reverse the action. In a live tapped shortly after the Reuters news spread, representatives of the movement campaigned against the social network, urged followers to follow YouTube and Whatsapp, in a kind of boycott of Facebook. Detail: Whatsapp also belongs to Zuckerberg and the live was recorded inside Facebook. There is no mention of possibility of leaving the social network that they accuse is being “sold to the other side”.
This is not the first time MBL has attacked Facebook. When news of the social networking partnership with Fact-Checking agencies was announced, the group also attacked, casting doubt on the credibility of those agencies. The speech is similar to that made for left-wing pages like Brazil 247, which also questioned credibility after news of it being classified as fake.
The so-called Argumentum ad hominem, when the criticism is made to the author of the argument and not to the content presented, is recurrent on the internet.
The next chapters
In the coming weeks, when the election begins, Facebook’s attitude will be much questioned. For every false information published by a page, the MBL will say “why was that page not censored and we went?”. Groups linked to the presidential candidates will mutually accuse each other of fake news propaganda, demanding a provision from Facebook. The social network says it’s ready for that.
The fact that the year 2016 is marked by fake news and post-truth, 2018 may be in Brazil the year of fighting the false news. The year that began to act against this and other plagues of social networks. If it will work, only time will tell.
The role of the press
In theory, the press celebrates the closure of fake news broadcasters. In addition to spreading false news, these pages often attack the traditional media directly, accusing them of doing what they do.
It is a fact that the press has lost credibility with the advancement of the internet. It is also true that the press has much of the blame in this story. The siege of the fake news pages may be an opportunity for many media to re-establish themselves as secure information ports. The challenge of journalism is to set a position, to differentiate and with audience. Clickbait, the rampant race for “who gives the news before”, phenomena common in the internet, do not help in this case.[:]
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