Um governo dito nacionalista, presidido por um ex-militar que já defendeu golpe de estado no passado, mas que foi eleito democraticamente. Um governo que foca a economia do país em commodities, que faz um discurso contra alguns países do primeiro mundo, que defende censura, que não aceita dados científicos, apoiado em uma parcela significativa da população que ataca instituições como o Judiciário e o Parlamento, mesmo com os números da economia em baixa.
Estou falando de Hugo Chávez na Venezuela ou de Jair Bolsonaro no Brasil?
Bolsonaro foi eleito com um discurso radical contra as esquerdas. Tanto ele quanto seus apoiadores durante as eleições no ano passado diziam que se o PT voltasse ao poder, o Brasil se tornaria uma Venezuela. Este ano, com as prévias apontando uma provável vitória da oposição na Argentina, o presidente brasileiro voltou a usar a Venezuela como referência para o que há de pior.
Mas o país que mais se encaminha para virar “uma Venezuela da vida” é o Brasil. As semelhanças entre o presidente brasileiro e o ex-ditador venezuelano já foram apontadas no primeiro parágrafo. Para o blogueiro aqui, nacionalismo militarista é tudo igual, independente da cor da farda.
E o Brasil está próximo de dar mais um passo rumo a venezuelização. Como vários analistas políticos já apontaram, entre eles o jornalista Reinaldo Azevedo, pior que o aumento das queimadas este ano na Amazônia é a retórica do governo para lidar com o problema. Qualquer presidente normal admitira o problema e anunciaria soluções para o caso, mesmo que não houvesse um interesse real em resolver a questão.
Mas Bolsonaro não sabe fazer política. Ainda se comporta como um deputado do baixo clero, dos tempos que falava bobagens e ninguém dava bola, exceto programas de entretenimento como CQC e da Luciana Gimenez. Só que agora ele é o presidente. E cada fala é um ato do governo. Cada fala, cada ato, tem sua consequência.
Muito mais que a política ambiental, a retórica de Bolsonaro pode nos levar a um cenário de boicote e sanções internacionais.
O presidente da França está sendo oportunista em usar o caso Amazônia para derrubar o acordo UE-Mercosul? Está. Os artistas internacionais mal sabem o que é a Amazônia e muitos estão se pronunciando somente para se aparecer? Sim. Mas milhões de pessoas estão dando sua opinião sobre qualquer coisa no mundo e é extremamente normal que a opinião de celebridades ganhe destaque.
Ao invés de reclamar do uso político internacional da Amazônia, Bolsonaro deveria se comportar como um presidente de um país importante como o Brasil. Deveria saber jogar o jogo político. É óbvio que há interesses externos em dificultar o comércio dos produtos agropecuários brasileiros, por isso mesmo o presidente e o chanceler precisam saber jogar. E os nossos atuais não sabem.
O Brasil não precisa obedecer ordem de país nenhum? Não precisa. Mas a União Europeia também não precisa comprar os produtos brasileiros. Temos concorrentes no mundo.
Bolsonaro facilita a vida dos adversários agrícolas do Brasil com sua retórica nacionalista burra. Trata-se de uma situação delicada do país no cenário internacional e a única coisa que o presidente sabe fazer é jogar para o seu eleitorado fanático.
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