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O desafio de se fazer um jornalismo mais colaborativo

WordPress e outras experiências mostram os resultados de um trabalho coletivo

Lisboa recebeu no último final de semana (18 e 19 de maio) uma edição do Wordcamp, congresso da comunidade do WordPress, a mais popular plataforma de conteúdo. Programadores e designers dominaram o evento entre os participantes, mas as lições da Wordcamp devem ser colocadas em questão na imprensa. É possível fazer um jornalismo mais colaborativo?

Cerca de 34% das páginas da internet utilizam WordPress. Se contarmos apenas as plataformas de gestão de conteúdo, o WordPress chega a dois terços da internet. Quais os segredos do sucesso deste CMS (Content Management System)? Uma plataforma fácil de usar, aplicável para qualquer tipo de proposta online, com atualização permanente e totalmente gratuita.

O WordPress é um código aberto sob de uma fundação sem fins lucrativos, mantido e atualizado por uma comunidade internacional de programadores, designers. Todo mundo pode contribuir com o desenvolvimento da ferramenta, que melhora muito a cada atualização, sem custos para instalação e uso.

Ações e resultados

Fórum para desenvolvedores, tradução, a comunidade de WordPress se organiza de forma prática. Quem quiser colaborar de algum jeito, terá espaço e orientação para fazer isso. O resultado deste trabalho colaborativo é a ferramenta cada vez melhor. O WordPress surgiu em 2003 como um blog e é hoje uma referência para qualquer tipo de página.

Hoje é possível montar blog, portais de notícias, sites institucionais e até lojas no WordPress. A comunidade garante versões em todos os idiomas e ajustes de acordo com características de cada país.

Voltamos ao jornalismo. Desnecessário falar sobre artigo sobre a crises das empresas de comunicação e a necessidade de se reinventar. Mas quem possui capital e força de trabalho para fazer as devidas inovações? Quem consegue se arriscar em um mercado cada vez mais incerto?

Experimentações interessantes

Pesquisar e propor alternativas a crise é também papel das faculdades de comunicação. As universidades, em tese, possuem condições de criar laboratórios para inovação. E sobre colaboração, destaca-se um caso da Escola de Comunicação e Mídia da Montclair State University dos Estados Unidos, relatado aqui.

Para contar histórias sobre imigração, a escola de Comunicação fez um trabalho coletivo com a partir dos estudantes e em poucos dias tinha mais de 32 matérias, programas de TV ao vivo entre outras ações. A publicação do Nieman Lab (traduzida pelo Poder 360) traz ainda outro caso da Inglaterra, onde jornais locais se uniram por uma campanha em prol de melhorias no Norte do país.

Queremos ser colaborativos?

Quanto o jornalismo deseja ser colaborativo? Qual o real interesse das empresas de mídia em colaborar entre si? Se os jornais possuem dificuldades financeiras e precisam seduzir seus públicos, por que não atuam em conjunto?

Espirito de concorrência? O grande concorrente de um jornal não é outro jornal e sim o descrédito da população pelas empresas de mídia. No artigo anterior deste blog, foi abordada a necessidade de se fazer um jornalismo ainda mais qualificado. Os argumentos apresentados pelos donos de jornais é sempre a falta de recursos para isso, mas poucos buscam saídas alternativas.

Pode fazer sentido o espirito de concorrência falar mais alto em grandes conglomerados de comunicação. Porém, quando falamos em imprensa local, o argumento se se desfaz. Um jornal pequeno tem, de fato, pouco espaço e dinheiro para inovar, mas teme demais em ousar, em colaborar. Para alguns jornais locais, o digital não é prioridade porque concorre com o impresso. Se eles não querem colaborar nem dentro da empresa, imagina fora.

Caminhos

Convencer um dono de jornal, um editor que está há 30, 40 anos fazendo jornalismo da mesma forma a mudar é realmente difícil. Porém, as soluções apresentadas neste texto podem ser aplicadas aos novos media. Convencer jornalistas independentes e pequenos novos projetos e trabalhar de forma colaborativa talvez seja a saída. Será assunto para um novo post, em breve.

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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