Getter, Parla, Mastodon, Koo, Bluesky e agora o Threads. O Twitter ganhar um concorrente não é novidade, mas nunca uma rede social chegou com tanta expectativa de ser o twitter killer. Afinal, o Threads será mesmo um rival a altura do pássaro azul?
Em primeiro lugar, é preciso enfatizar: faço uma análise inicial, depois de apenas um dia de uso. É provável que o novo brinquedo do Zuckerberg ainda passe por mudanças. E vale ressaltar que toda rede social passa por transformações, inclusive de público-alvo e propósito. Por exemplo, no início, o Twitter era um microblog pessoal onde as pessoas diziam o que estavam fazendo.
O Threads é a nova rede social da Meta, proprietária do Facebook, Instagram e Whatsapp, focada em texto, assim com o Twitter. A nova rede está diretamente ligada ao Intagram, inclusive a conta é a mesma. Assim, a Meta facilitou a entrada dos usuários, conseguindo 30 milhões de pessoas em 24 horas.
Primeiramente, gente! O grande problema de redes sociais alternativas, com o Mastodon, é que você entra nela e não tem ninguém (que você conheça) lá. Ou em um número muito reduzido. Estamos falando de economia da atenção. Uma rede social forte precisa ter engajamento, gente produzindo, lendo, assistindo.
A Meta acertou em cheio ao associar ao Instagram. E a mística de Mark Zuckerberg conseguir fazer frente com o Twitter de Elon Musk gerou uma grande expectativa no mundo digital. Zuckerberg conseguiu derrubar o Snapchat com os Stories e rivalizou com o Tiktok através do Reels.
Em segundo lugar, caracteres. Você pode escrever uma postagem com até 500 caracteres contra 280 do Twitter gratuito (e 400 do Blue). O Koo, concorrente indiano, também já permitia 500, um tamanho razoável que permite passar informações mais completas sem virar um textão.
Não possui uma timeline cronológica. A ordem vai naquilo que o algoritmo da Meta considera mais relevante. O Facebook e o Instagram já tinham abandonado essa função e ainda não dá para dizer que eles pretendem colocar.
Outra diferença crucial em relação ao Twitter, e para pior, é a falta de um feed somente com os seus seguidores. Zuckerberg segue a tendência já usava no Instagram, com a diferença que o Insta permite que você silencie “as sugestões”. No Threads, até agora, não.
O Threads não vai acabar com o Twitter e, do jeito como está, nem deve ameaçar muito. Isto porque o Threads não é, ainda, um concorrente de fato do pássaro azul. É mais um Instagram de texto. Vamos lá:
Quando o Facebook tomou conta do Brasil a partir de 2011, 2012, muita gente achava que o Twitter iria morrer, pois o Face também tinha uma timeline onde você poderia escrever, com mais recursos. Porém, a Copa do Mundo 2014 e as eleições provaram o contrário. E a palavra-chave é second screen.
O twitter funciona como uma segunda tela para quem está vendo TV ou acompanhando outra atividade. A timeline cronológica em pequenos textos permite acompanhar um assunto em tempo real: uma partida de futebol, as apurações das eleições, um debate ou o dia de votação no Big Brother Brasil. Não por acaso, o Twitter virou o palco oficial para falar de política, esportes e programas de entretenimento.
Esta ideia de acompanhar em tempo real algum evento por uma rede social só é possível com timeline cronológica. Permitir que você veja somente quem segue, também ajuda na organização das informações. O twitteiro sabe o que é o asssunto mais popular pelos trend topics (que o Threads não possui), e daí passa a fazer parte da cobertura em tempo real.
Esses diferenciais do Twitter para Instagram e Facebook não foram levados para a nova rede social do Zuckerberg. Sem elas, dificilmente os três setores que sustentam o Twitter: esportes, política e entretenimento, vão abandonar o pássaro. Esqueça o discurso de celebridades que dizem que o Threads pode ser menos tóxico que o Twitter. O que os twitteiros gostam é de debates em tempo real, com xingamentos ou não.
Reforço aquilo que escrevi no começo do texto: é uma análise do primeiro dia da nova rede social. Zuckerberg tem a destruição do Snapchat no currículo. Para isto, ele enfiou a função stories em todas as suas redes. A Meta pode e muito possivelmente fará ajustes no Threads, inclusive copiar na cara dura os diferenciais do concorrente.
A dúvida é se Mark Zuckerberg realmente deseja fazer isso. Seu objetivo é realmente enfraquecer o Twitter ou montar apenas um Instagram baseado em texto? É verdade que o Twitter está mudando desde que Elon Musk o comprou. Seu objetivo parece ser transformar em uma rede social premium, com um modelo de negócios baseado nas assinaturas, onde o usuário comum é pouco relevante.
Há espaço para um concorrente a altura do Twitter. Se vai ser o Threads só o tempo dirá. Do jeito que foi lançado, não será.
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Concordo que a Meta acertou em cheio, eu que nunca usei o Twitter me sinto mais inspirada a usar uma plataforma que está conectada ao que realmente uso: Instagram. Agora basta saber quais vão ser as implicações e possibilidades do Threads na política, já que o impacto do Twitter é inegável, meu medo é se tornar um Rumble que, como você comentou em outro vídeo, concentrou a extrema direita como alternativa ao YouTube. Mas isso veremos com o tempo, por hora vou me arriscar te seguindo no Threds!