A Universidade da Beira Interior em Portugal promove nesta terça-feira (22) e quarta-feira (23) o Congresso Internacional de Jornalismo e Dispositivos Móveis (JDM). E logo nas primeiras comunicações científicas o modelo de negócio para os veículos de comunicação entrou na pauta: há uma necessidade/obrigatoriedade de os jornais impressos acompanharem as transformações tecnológicas, hoje focadas nos dispositivos móveis, mas ainda há dúvidas de como ganhar dinheiro com isso, principalmente longe das grandes metrópoles.
Se de um lado, a doutoranda em Comunicação pela USP Isadora Ortiz de Camargo apresentou o caso do New York Times, onde a mobilidade tornou-se uma peça chave no modelo de negócios da publicação, a professora da UFRGS Vivian Batochio e o professor Pedro Jerónimo da Instituto Superior Miguel Torga (Portugal) mostraram o conservadorismo de grandes jornais brasileiros e da imprensa de interior portuguesa com os dispositivos móveis.
Na imprensa portuguesa do interior, há pouca familiaridade dos veículos com os dispositivos móveis e as novas tecnologias. Segundo Jerómino, os poucos casos são iniciativas isoladas dos próprios jornalistas, que acabam fazendo sem receber a mais por isso, pois não há incentivo dos proprietários.
Com uma análise dos APPs dos jornais brasileiros para smartphones e tablets, a professora Vivian Batochio apontou a falta de inovação nos veículos nacionais. A maioria dos APPs para visualizar a edição imprensa trazem apenas a reprodução do produto em papel, sem nenhuma recurso a mais.
Até mesmo no New York Times, jornal que segundo a apresentação da pesquisadora Isadora Ortiz de Camargo é um case de sucesso na mobilidade, um aplicativo desenvolvido há dois anos pelo grupo chamado “NYT Now”, destinado ao público mais jovem, foi “descontinuado” por falta de retorno financeiro. Era um APP com mensalidade, algo que não deu certo.
Por que os jornais inovam tão pouco?
Há muitas respostas que podem ser dadas, mas a sustentabilidade dos veículos é um fator que precisa ser destacado. Afinal, como se ganha dinheiro com uma mídia em tempos de mobile? Fazer como nos meios impressos que viviam de anúncios não é, definitivamente, o caminho. A venda de publicidades não avançou na web, algo já comentado aqui neste blog. Com a maioria do público se informando através de smartphones e por redes sociais, ficou mais difícil ainda.
Como convencer, então, um dono de um jornal local, que ainda mantém uma receita de anúncios da forma tradicional no impresso, ainda que em queda, que ele precisa inovar para se manter no futuro? Vale a pena pensar em crowdfundings em mídias locais? Como seria este engajamento?
Como sobreviverão as mídias locais no futuro?