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A responsabilidade da informação nas redes sociais

De quem é a responsabilidade da informação nas redes sociais, quando uma notícia falsa é divulgada? Uma enxurrada de fake news ocorre nas redes sociais desde o início da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Devemos sim, responsabilizar as plataformas de redes sociais, mas somente elas? E como ficam os tais influenciadores que divulgam errado?

A principal notícia falsa é a seguinte: caminhões com doações estão sendo parados na entrada do Rio Grande do Sul. O motivo? A falta de nota fiscal. O governo do Rio Grande do Sul estaria sendo insensível com a tragédia, mais preocupado com impostos com que ajudar vidas.

Enchente no Rio Grande do Sul: FOTO: Ricardo Stuckert/PR

Uma notícia horrorosa, porém, falsa. Não há nenhuma fiscalização de notas fiscais na divisa do Rio Grande do Sul com doações. A polícia rodoviária parou alguns caminhões por um excesso de peso que colocaria em risco o próprio motorista e as doações. Porém, fatos isolados com pouca influência no fluxo de doações.

Mas quem são os divulgadores dessa fake news? Apareceram pseudocelebridades, políticos de oposição e alguns influenciadores de redes sociais. E é sobre o terceiro que este artigo vai falar mais. Um dos influenciadores que espalhou a fake news foi um coach que mora em São Paulo.

Primeiramente, eu me perguntei: por que as pessoas estão dando credibilidade para um coach que mora em São Paulo sobre notícias do Rio Grande do Sul? Não pretendo discutir aqui os fenômenos dos coaches, porém, quando eles entram na área da comunicação, temos um problema.

Verificar é preciso

O coach não é jornalista, não trabalha em um meio de comunicação, não tem na comunicação social o seu sustento. Provavelmente, ele leu a notícia falsa e acreditou, passando adiante sem nenhum tipo de verificação. Pois é algo que um profissional da informação faz, ou pelo menos, deveria fazer: verificar as informações que recebe, principalmente quando se trata de uma denúncia.

Este coach possuem milhares de seguidores nas redes sociais. Muita gente acredita no que ele diz pela fama que tem. Ele deveria ter responsabilidade sobre aquilo que publica, porém, este mesmo cidadão já mostrou outras vezes que não possui. O que vai acontecer com ele? Nada! Se for processado, ele argumentará que foi enganado ao ler a tal notícia falsa.

Escola Base e a responsabilidade na informação

Todas as faculdades de jornalismo no Brasil estudam o caso Escola Base de São Paulo, onde os donos da escola foram acusados erroneamente de abuso sexual de crianças. A notícia, falsa, destruiu a vida dos donos, que nunca conseguiram se recuperar. Porém, este caso é de 1994, quando jornais, rádios e TVs detinham o monopólio da emissão da informação. Apesar disso, os jornalistas não foram penalizados.

Porém, nos dias atuais, os jornalistas não são os únicos a emitir informações. Temos hoje, a praga dos influenciadores. Pessoas famosas nas redes, com muito poder de alcance e influência, mas sem nenhum tipo de preparo, sem nenhuma responsabilidade e ética com a informação.

O resultado é a desinformação em massa nas redes sociais. Cada um diz o que quiser, sem se responsabilidade por nada, mesmo que uma informação errada possa arruinar a vida do outro. A fake news do Rio Grande do Sul desencoraja muita gente a doar alimentos e água para quem precisa. E pelas regras atuais, não haverá responsabilização dos desinformantes.

Qual o caminho para solucionar este problema? Regulação! Comunicação social é coisa séria, informar é coisa séria, exige responsabilidade, ética. Precisamos ir além das redes sociais, precisamos regular toda a comunicação social no Brasil. E por fim, reforço: regular não é censurar, regular não é proibir, é colocar regras, é responsabilizar os profissionais. Desinformação mata!

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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