Novos Media e cultura digital

Clubhouse: o “ao vivo” nos dispositivos móveis

Clubhouse já disponível em Android. FOTO: Giovanni Ramos

O clubhouse chegou ao sistema operacional Android. O aplicativo de conversas de áudio ao vivo, criado inicialmente para iOS (Apple), passou a funcionar também para Android na terça-feira (18). Assim, a ferramenta dá mais um passo na consolidação da Era do Áudio, com uma experiência mais próxima do Rádio nos dispositivos móveis.

O aplicativo permite que qualquer usuário crie uma sala e chame pessoas para ouvir ou participar. Você pode começar uma conversa instantaneamente ou agendar ela para um determinado horário. O usuário agenda e os demais usuários poderão verificar na agenda, uma espécie de quadro de programação. Por enquanto, o usuário não pode escutar as conversas depois, como nos podcasts, aumentando a semelhança com os rádios.

Ao vivo em segundo plano

Uma das grandes novidades do clubhouse é poder ouvir a “sala” mesmo com o aplicativo rodando em segundo plano. Ou seja, você pode escutar uma live enquanto caminha, limpa a casa, e outras situações que os ouvintes dos podcasts já tinham, mas que nenhum aplicativo voltado para lives permitia. O YouTube, por exemplo, só permite isso na versão paga.

Com esta função, o Clubhouse passa a ser a primeira plataforma de lives pensada no usuário de dispositivos móveis. Com isto, ele passa a ser um concorrente importante para o YouTube, a Twitch e também o Instagram, onde ocorrem hoje a maioria das lives produzidas. Boa parte do consumo das lives no YouTube ocorrem com o usuário no notebook, com uma aba na página do evento, mas trabalhando em outras abas.

No ClubHouse, além de permitir os eventos ao vivo em dispositivos móveis, o consumo de internet é menor por ser apenas áudio, o que faz com que o aplicativo trave menos.

Agenda ou grande de programação

Outro ponto interessante do Clubhouse é a agenda. Você pode seguir pessoas, salas e consegue saber o que eles agendaram para os próximos dias. Dessa forma, você consegue ver também, outros eventos de salas com bom público, o aplicativo te sugere salas para seguir. Posteriormente, você é notificado quando um evento de uma sala que você segue ou que tenha a participação de um amigo seu inicie.

A experiência assemelha-se as grandes de programação de rádio e TV, com a diferença das notificações que o digital permite. O Clubhouse mistura a experiência da rádio e TV ao vivo, com programação, com a experiência dos podcasts em personalizar e ser avisado quando tem conteúdo novo.

Depois do boom do clubhouse

Nas próximas semanas, deveremos ter um aumento exponencial de usuários pelo fato de ter chegado agora para Android. Por enquanto, vai demorar um pouco para saber se a experiência deve se consolidar no mercado ou não. Os criadores do Clubhouse desenvolveram o aplicativo pensando em conversas informais e não em produtos jornalísticos de áudio, algo semelhante ao ocorrido em outras redes sociais.

Não é possível colocar trilhas e vinhetas atá agora. O som vem exclusivamente dos microfones dos participantes. Mas o jornalismo, assim como nos blogs e nas redes sociais, já utiliza a ferramenta para si. A sala Ziriguidum, dos jornalistas Reinaldo Azevedo e Leandro Demori, faz conversas com políticos semanalmente e nesta semana passou de mais de 2 mil ouvintes. O Política e Patuscada, com mais de 1,9 mil membros, discute o mesmo tema.

O surgimento de uma ferramenta focada no ao vivo em tempos de conteúdos sob demanda é curioso, mas não surpreende se pensarmos na febre das lives em 2020. O que parece ser um fato é o casamento perfeito entre os conteúdos de áudio e os dispositivos móveis.

Afinal, você se interessou pelo Clubhouse? Já está no aplicativo? Siga o blogueiro por lá também no @gioramosnet.

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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