Um escritor e ativista social, claramente de esquerda e um youtuber e podcaster, claramente de direita. Os conteúdos que Ferréz e Monark produzem nada ver a ver um com o outro, porém, ambos viraram notícias no fim de março por serem os primeiros brasileiros convidados a publicar seus vídeos no Rumble. Trata-se de um concorrente do YouTube que começa a apostar as fichas no Brasil.
Criado pelo canadense Chris Pavlovski em 2013, o Rumble é mais uma plataforma que ambiona destronar o YouTube, o gigante dos vídeos criado em 2005 e nas mãos da Google desde 2006. Daily Motion e Vimeo são alguns dos concorrentes neste mercado.
O que fez o Rumble tornar-se assunto nas redes sociais não foi apenas a estratégia de trazer figuras conhecidas como Ferréz e Monark, mas sim sua posição “ultra libertária” e a promessa de uma baixísismo controle dos conteúdos publicados. O Rumble faz propaganda dizendo ser contra a “cultura do cancelamento” e diz que só irá retirar conteúdos caso eles sejam pornográfico, odiosos, difamatórios ou que incitem a violência.
Com este posicionamento, elementos da Alt-Right americana, incluindo o próprio ex-presidente Donald Trump, passaram a publicar conteúdos na plataforma. Há gente do outro lado também, como o jornalista Glenn Greenwald, ex-The Intercept. Mas a presença da Alt-Right fez com que o concorrente do YouTube chegasse ao Brasil com a fama de Telegran de vídeos, um local para espalhar desinformação e guerra política.
Além do posicionamento contra o controle de conteúdos, a Rumble promete um sistema de monetização mais fácil, sem muitas regras para um canal poder receber dinheiro por visualizações e com um sistema fácil de pagamento, via Paypal. Mas vale a pena entrar no concorrente do YouTube? Abaixo, uma rápida análise:
É verdade que o Rumble possui um sistema simplificado de monetização. Qualquer um monta um canal e já consegue entender rapidamente como e por onde vai receber. Há um Analtycs interno também, para o criador acompanhar o desenvolvimento do canal.
O layout é muito parecido com o YouTube, principalmente para quem publica. Isso facilita o uso. Há uma interessante organização na capa por temas, apesar de ainda utilizar algum algoritmo para escolha dos conteúdos (não é 100% cronológico, não).
Outro ponto interessante é a possibilidasde de sincronizar com o YouTube. Caso você tenha um público nesta plataforma, mas não quer deixar o mais popular de todos, você não precisa publicar duas vezes (para este artigo, sim, pois a sincronização demora).
Há muitos recursos pró, ou seja, pagos, para quem produz conteúdo em vídeo. Como parte da estratégia da plataforma é ganhar dinheiro por ali, o YouTube acaba oferecendo mais recursos “sem custos”.
O conteúdo ainda é majoritariamente em inglês. Basicamente, Estados Unidos e Canadá usam o Rumble. Uma rápida pesquisa aponta que o conteúdo em português é majoritariamente bolsonarista. É a mesma onda dos Estados Unidos no Brasil, apesar de o YouTube manter quase todos os conteúdos bolsonaristas lá.
Outra questão estranha deste concorrente do YouTube é ver qual cada canal ganhou com as visualizações. Isso parece ser transparência, mas pode ser também uma ameaça a segurança.
Incialmente, o Rumble parece ser uma ferramenta interessante para páginas de conteúdos multimídia, que não se limitam a plataforma de vídeos, em fase inicial. Isso porque a monetização é mais fácil e incorporação dos conteúdos é simples também.
Por outro lado, é difícil achar que o Rumble possa fazer algum tipo de ameaça ao YouTube. No mercado de messengers, o Telegram foi beneficiado com quedas do serviço do Whatsapp, o que não ocorre com a plataforma de vídeos da Google.
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