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Giovanni Ramos
Journalist | Researcher | PhD Candidate in Communication

Publicado relatório dos desertos de notícias em Portugal

54 municípios não possui nenhum meio de comunicação.

Os desertos de notícias em Portugal atingem mais da metade dos municípios, seja em um deserto total, semi-deserto ou ameaçado com apenas um veículo. Este é o dado mais preocupante do “Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal”, publicado recentemente pelo Labcom da Universidade da Beira Interior.

O relatório foi feito dentro do projeto MediaTrust.Lab por três pessoas: o pesquisador português Pedro Jerónimo a estudante de doutoramento em Comunicação brasileira Luísa Torre e o autor deste blog. O mapeamento foi feito a partir de uma metodologia que classificou os desertos em três tipos. Deserto total, quando não há meios de comunicação, ameaçado, quando há apenas um e semi-deserto, quando há um meio, mas notícias frequentes.

O documento evidencia algo que os dois primeiros mapas dos desertos de notícias em Portugal já tinha apontado: o problema concentra-se distante do litoral. O deserto espalha-se também onde há menor concentração populacional e atividades econômicas, como Alentejo e Trás-os-Montes.

Mapa de Portugal continental

Segundo Pedro Jerónimo, o estudo é essencial para que políticas públicas e novas pesquisas sejam feitas sobre o tema, sobretudo no combate à desinformação:

Porque os espaços deixados vazios pelo jornalismo rapidamente são ocupados por outras realidades, menos ou mesmo nada comprometidas com a procura pela verdade, pela ética e a deontologia. Talvez por isso a Comissão Europeia esteja tão preocupada com o possível crescimento destes vazios e com eles a desinformação, afirma Jerónimo.

FAÇA O DOWNLOAD DO RELATÓRIO

Desertos de Notícias em Portugal começaram a ser estudados em 2020

Relatório está disponível para download

O mapeamento do Desertos de Notícias em Portugal surgiu em 2020 por iniciativa deste autor, como uma necessidade ter dados sobre a crise do jornalismo nos meios regionais. A princípio, tinha-se a ideia de levantar os dados e publicar como um artigo, para validar os dados a serem usados na tese de doutorado sobre jornalismo de proximidade em rede.

No entanto, o tema chamou a atenção de outros pesquisadores de Portugal e de autoridades da mídia no país. Então, o projeto Re/media.Lab (também do Labcom) apresentou o estudo em 2021 no Encontro Nacional de Jornalistas de Meios Regionais, organizado pelo projeto. A Associação Portuguesa de Imprensa também se interessou e promoveu eventos com o tema na agenda.

Por fim, entendeu-se que o estudo precisaria ser aprofundado e realizado de forma frequente. Então, o projeto MediaTrust incorporou a iniciativa que resultou na publicação deste relatório.

Apontamentos

  • A partir do relatório, é preciso investigar com mais detalhes regiões onde o problema é mais grave como Trás-os-Montes e Alentejo. Ao invés de uma pesquisa quantitativa como o relatório, precisa-se de um estudo qualitativo.
  • A discussão sobre modelos de negócios para o jornalismo de proximidade é óbvia. É preciso incluior modelos comunitários e sem fins lucrativos para regiões com baixa atividade económica.
  • É evidente que, em algumas regiões, o problema não será resolvido apenas pela ótica da comunicação. É preciso desenvolver essas regiões. Mais do que isso, é preciso estudar o papel da mídia no desenvolvimento regional.

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