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15 de January de 2025

No caso pix, a pós-verdade é um instrumento de desinformação

Já podemos chamar de Caso Pix, o escândalo que tomou conta das redes sociais brasileiras a partir do boato que o Governo Federal iria criar uma taxa para as transações em pix. Isto não é verdade e o tal monitoramento das transações já existia. A novidade era a inclusão de bancos digitais (fintechs) nesse monitoramento. O Governo Federal voltou atrás após ser derrotado pela desinformação e a portaria foi revogada.

caso pix
Caso Pix. FOTO: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Mas o ponto que me interessa aqui é o processo da desinformação. O ICL Notícias explicou neste artigo como funcionou todo o processo. Primeiramente, o governo falhou na comunicação das novas regras de monitoramento de movimentações financeiras. Mais uma falha do governo neste quesito. Depois, a informação falsa que a portaria do governo seria a taxação do pix. Por último, a informação distorcida que não é uma taxação, mas uma fiscalização que antes não havia. Havia sim, só foi ampliado para bancos que, por algum motivo, não eram fiscalizados.

Porém, explicar o assunto agora ajuda muito pouco ou quase nada. A estratégia de deteriorar ainda mais a imagem do governo em uma área super sensível (economia) já foi bem sucedida. Por que? Porque a pós-verdade entrou em ação. Mas ela não é a causa da desinformação pegar e sim um instrumento intermediário. Explico abaixo:

A pós-verdade em campo

Se você conversar com uma pessoa que gosta do atual governo sobre o caso pix, ele provavelmente já vai acreditar que a história da taxação é mentira. Se ele não sabe, ainda assim tende a não acreditar. Porém, se você conversar com alguém que já possui tendências contra o atual governo, ele vai acreditar na história e mesmo se receber a verificação do fato, continuará reticente.

Essa é a tal pós-verdade, a palavra do ano no dicionário de Oxford em 2016. Pós-verdade é colocar as crenças pessoais acima dos fatos. Em uma sociedade polarizada como a brasileira, isso é normal acontecer para os dois lados dos polos.

No caso pix, um instrumento intermediário

Mas se a pós-verdade ocorre principalmente nas bolhas, uma desinformação como essa do caso pix afetaria somente quem já não gosta do governo, certo? Não, porque a pós-verdade não está no fim e sim no meio.

O objetivo final desta desinformação não é agitar a torcida antipetista. Nem todo mundo no Brasil ama ou odeia o PT ou o Bolsonaro. Há uma parcela importante, significativa, no meio do caminho. Este é o alvo preferencial. E como fazer essa parcela ficar contra o governo no caso pix? Da seguinte forma:

a) Origem da desinformação > b) Políticos e Influenciadores > c) Massa aliada > d) População em geral

O item A produz a desinformação, o B espalha e o C, que compra sem analisar por causa da pós-verdade, cozinha o assunto e mantém ele ativo na sociedade até D seja afetado. Não adianta mais somente desmentir ou tentar prova que A e B possuem má fé. A desinformação vai continuar a circular por conta própria entre C e D. Nas redes sociais e nas ruas.

Mesmo que o outro lado reaja com o seu grupo de massa aliada, o que veremos é um conflito aberto e desorganizado. E tende a vencer o grupo de oposição ao governo…qualquer governo. Isto porque é um objetivo criar confusão, deixar o público desorientado sobre um determinado tema. A guerra ajuda nisso.

Portanto…

Portanto, o que vai ficar marcado para a população em geral é: o governo quer mais dinheiro dos contribuintes. E dane-se se a informação de taxar o pix era verdade ou não.

O ponto aqui é: no caso da desinformação política, há um grupo de pessoas que tende a acreditar na desinformação por crenças pessoais que não age em sincronia e planejamento com os produtores da desinformação. Um grupo de aliados voluntários que, por não ter coordenação com a chefia da desinformação, espalha ela do seu jeito. Às vezes funciona, às vezes não. Mas prever o comportamento destes é muito mais difícil.

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