A batalha contra a desinformação será longa e terá muitos capítulos pela frente. Mas em relação as vacinas contra a Covid-19 no Brasil, pode-se afirmar que a ciência venceu uma importante batalha. Não há mais como o governo ser anti vacina, a menos que queira acelerar um eventual pedido de impeachment.
A empolgação com a notícia da aprovação das duas vacinas: Sinovac/Butantan e Oxford/Fiocruz, aponta para uma maioria da população querendo a vacina e LOGO. Mesmo que continuem a existir os negacionistas, a pressão sobre o governo federal para produzir e distribuir as vacinas, independente de sua origem, será muito forte.
A estratégia de questionar a eficácia das vacinas enquanto tentava, de forma desorganizada, a montar um plano de vacinação, deve sair pela culatra. O governo queimou o filme e no final, passou como fracassado rendido ao requisitar as vacinas produzidas pelo Butantan, ligado ao governo paulista de João Dória.
A pressão
A partir de agora, o assunto será apenas esse: vacinar, vacinar, vacinar. As teorias esdrúxulas, como um tratamento precoce, vão perder força. A população quer a vacina, quer saber quando será vacinada.
E o governo não tem um plano, um projeto, ao contrário de São Paulo, que já se organizou. No marketing político, Dória saiu muito na frente e conseguiu o que queria: posar de herói, sair na foto junto da primeira pessoa vacinada, uma mulher, negra, enfermeira e não médica. Tudo muito bem pensado.
E a aprovação veio dias após o colapso da saúde em Manaus, pela segunda vez, com a falta de oxigênio. Num dia, a imprensa mostra que o governo chegou a aumentar o imposto para importação de cilindro de oxigênio semanas antes do caos. No outro, mostra Dória vacinando a primeira pessoa no Brasil.
Os riscos
A militância radical bolsonarista continua defendendo atacar a coronavac do Butantan e apostar tudo na vacina produzida em parceria com a Fiocruz. O problema é que, em termos de produção, a Coronavac está muito à frente. E para a maioria da população, pouco importa qual vai tomar.
Se Bolsonaro manter essa estratégia de atacar a coronavac e não conseguir mais doses da Oxford/Fiocruz ou aprovar outra no Brasil, a situação deve piorar para ele. O presidente já é o maior cabo eleitoral de João Dória para 2022 e pode nem conseguir chegar na próxima disputa se ouvir mais a sua militância radical e menos o Centrão.