[:br]A imprensa brasileira deu dois exemplos nesta quinta-feira (23) de como o partidarismo político atrapalha o jornalismo. O Estadão, um dos maiores jornais brasileiros e o Brasil 247, veículo da “imprensa alternativa” com uma das maiores audiências na web trouxeram dois casos do que não deve ser feito no jornalismo.
Começamos pelo Estadão, que circulou nesta quinta com essa manchete:
A manchete do Estadão induz o leitor ao erro. A pesquisa não trata de potencial de voto e sim da aprovação pessoal dos atos feitos por pessoas públicas cotadas para a disputa presidencial em 2018.
A matéria dá a entender que Huck possa ser um dos preferidos nas intenções de voto, só que a pesquisa se quer tratou disso. Um desliza vindo de um jornal abertamente anti-Lula e que defende um candidato que tenha chances de bater o ex-presidente, líder em todas as pesquisas de intenção de voto.
O Brasil 247, portal de noticias “alternativo” e abertamente favorável a candidatura de Lula em 2018, começou o dia criticando o Estadão por sua manchete, chamando-a de “fake news”. Mas no fim do dia, colocou essa manchete:
A manchete do Brasil 247 foi em cima de um tuíte do jornalista Gilberto Dimmenstein, que se encontra no mesmo campo político do site. Na verdade, foi apenas um retuíte com provocações ao Estadão. Não há contraponto, não há se quer uma entrevista com Dimmenstein para perguntar como ele conseguiu essa informação.
O Brasil 247 chamou a capa do Estadão de “fake news”, mas deu credibilidade a ela ao buscar uma manchete que “tirasse Luciano Huck da disputa”. A matéria do site não pode nem ser chamada de jornalismo mal feito ou mal intencionado, porque não dá para chamar de jornalismo.
No mundo inteiro, jornais e portais de notícias deixam claram suas posições editoriais, de direita, de esquerda, de centro. Mas é no Brasil que a imprensa aceita fazer o serviço sujo para os partidos, ao invés de cobrar coerência desses.[:]