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17 de junho de 2024

Vamos enjoar das redes sociais?

cansaço nas redes sociais
Imagem gerada por IA

As principais plataformas de redes sociais registraram uma queda no uso geral em Portugal. De acordo com o relatório Digital News Report Portugal 2024, produzido pelo Obercom e Instituto Reuters, entre sete plataformas apresentadas, seis registraram queda. Apenas o Whataspp manteve as porcentagens do ano passado.

No mundo, o TikTok é a rede social que mais cresce, porém plataformas tradicionais continuam a registrar quedas significativas, especialmente o Facebook. Se no Brasil a primeira rede de Mark Zuckerberg perdeu força há anos, em países como Portugal o fenômeno é mais recente agora. Portanto, surgem as perguntas? Vamos enjoar das redes sociais como um todo? Ou estamos apenas vivendo uma mudança de ciclos, já que as plataformas tendem a morrer com o tempo?

O objetivo do Digital News Report é observar o consumo de notícias nas plataformas digitais e também analisar as diferenças para as outras mídias. Neste caso, é fácil entender porque o Facebook perdeu força. A rede social artificialmente está reduzindo o alcance das notícias. Por quê? Porque não deseja pagar para os jornais pelo uso dessas notícias. Se você tem um jornal local que tem como principal origem do acessos o Facebook, sugiro que mude a estratégia.

Mas no caso português, isso ocorreu em praticamente todas as redes sociais e, inclusive, no uso geral (não apenas para se informar). O Facebook continua gigante em Portugal, mas agora é a segunda rede social mais utilizada, atrás do Whatsapp. Portugal é também o país onde os acessos diretos aos sites dos jornais subiram nos últimos anos e os acessos às notícias por redes sociais caíram.

No Brasil é diferente?

Primeiramente, uma constatação óbvia: os brasileiros gastam muito mais tempo em redes sociais que os portugueses. Mas mesmo na Terra dos Memes, onde o Whatsapp reina, as redes sociais também perdem forças como fonte de informação. O Digital News Report internacional trouxe dados interessantes do Brasil.

Em 2013, os impressos eram a fonte de notícias para 50% dos entrevistados. Hoje é 11%. Porém, as redes sociais também registram queda de 2022 em diante, praticamente empatando com a televisão. O online em geral, incluindo redes sociais, continua liderando, mas em queda.

Redes sociais e infodemia

O Brasil é a terra dos memes, do whatsapp, mas também cresceu na quantidade de pessoas que dizem estar desgastadas pelo excesso de notícias. Foram 46% em 2024 contra 30% em 2019, um aumento de 16 pontos percentuais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define infodemia como “excesso de informações, precisas ou não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa”. É um problema que tornou-se evidente durante a pandemia de Covid19, mas vem sendo estudada desde o começo do século.

E não há como não associar redes sociais e dispositivos móveis com infodemia. Afinal, ninguém se sentia cansado de tantas notícias quando dependia de jornais em papel, rádios e TVs. Mas em uma rede social, a foto do seu amigo, da sua amiga, do seu parente está no meio de opiniões sobre política, notícias e mais notícias.

Jornalismo e produção de conteúdo independente

Ou seja, se já tínhamos um cansaço de notícias, estudando nos últimos oito anos, alguns números do Digital News Report apontam que talvez as redes sociais que usamos hoje estejam mais saturadas. O Instagram e o Tiktok continuam fortes, principalmente entre jovens. O Facebook cai e o X (Twitter) continua insignificante perante os demais, apesar de todo o barulho político que ele gera.

Por fim, é preciso repetir: já era recomendado que jornais e produtores de conteúdo viabilizassem suas audiências com uma certa independência das redes sociais. Isto é: criar comunidades para depender menos de algoritmos de terceiros. O acesso direto deve ser uma meta que todos os produtores devem buscar.

O volume de conteúdo também precisa ser rediscutido. Afinal, a quantidade exagerada de publicações está muito relacionada a forma como o Google Adsense e outras de publicidade programática remuneram os produtores. Mas muito conteúdo cansa.

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