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Vale a pena produzir no Substack e Locals?

Desde o ano passado, jornalistas e influenciadores conhecidos no Brasil passaram a utilizar novas plataformas para produção de conteúdo. Substack e Locals foram os espaços virtuais que jornalistas como Leandro Demori, Glenn Greenwald e comentaristas demitidos da Joven Pan escolheram para publicar artigos, comentários em vídeo, podcasts e newsletters. Mas o que são essas plataformas e poque ela atrai muitos formadores de opinião política com viés antissistema?

Depender menos da publicidade e obter mais receitas junto às audiências, com assinaturas e financiamento coletivo (crowdfouding) são desafios impostos ao jornalismo no século XXI. Ainda vou escrever sobre a publicidade programática e suas alterações com as leis de proteção de dados. Mas o fato aqui é que Locals e Substack se apresentem com foco naquilo que produtores de conteúdo independentes mais buscam hoje: remuneração pela audiência.

Substack e Locals

Não há publicidade programática nas duas ferramentas: o foco principal é que o produtor de conteúdo produza e possa tornar parte dele exclusivo para apoiadores. Na prática, são ferramentas de paywall gratuitas, acopladas em plataformas de conteúdo, tipo WordPress e Medium. As empresas, óbvio, ganham em cima das assinaturas/apoios.

Substack

The Substack surgiu em 2017 com foco nas newsletters e até hoje é o forte da plataforma. Mas difere-se de concorrentes em newsletters pela opção de assinatura de uma forma fácil. Você pode escrever um post, publicar um vídeo, um podcast ou uma thread. O conteúdo fica disponibilizado em uma página onde o autor decide o que é livre, o que é pago. Inclusive uma postagem pode ter parte gratuito e parte premium, no estilo de outros paywalls.

Quem entra no site de algum produtor do substack cai direto numa página para seguir o autor, no caso, receber o material produzido por email. Como disse antes, o forte é a newsletter. Se você criar um perfil no substack, pode seguir outros produtores e sua página fica com um feed de rede social, algo parecido com o que o WordPress já possui hoje.

Locals

O locals foi criado em 2019 por dois americanos que foram excluídos do Patreon por discurso de ódio. Em 2021 ela foi vendida para o Rumble, que eu já comentei por here (only in Portuguese). Ambos já tinham o mesmo discurso que privilegiar o financiamento dos produtores de conteúdo como uma alternativa as plataformas mais conhecidas no mercado.

Se o Substack lembra um WordPress, o Locals lembra uma rede social. Em alguns momentos me fez lembrar o Multiply, uma rede social focada em conteúdo que existiu entre 2004 e 2013. Mais focada em “comunidade”, o Locals permite que a audiência também crie conteúdo, caso o produtor/criador assim permitir. E para você acessar os conteúdos, é preciso ter uma conta e passar a seguir oficialmente. A opção dos conteúdos pagos fica por cada autor.

Local e Substack, qual vale a pena?

São interessantes alternativas para quem deseja obter receita junto às audiências e não se preocupa/não consegue buscar publicidade. O locals demonstra ser mais recomendado para quem possui uma audiência mais fidelizada. O estilo mais “orkut” de ser uma comunidade pode ser interessante para quem produza algo no qual seus leitores são mais passionais e mais interessados em participar.

Se você pesquisar por ele agora, vai aparecer muita coisa sobre política, principalmente grupos ideológicos mais fechados. Mas cabe muito bem para um conteúdo sobre um time de futebol, por exemplo.

Já o substack é mais para quem produz conteúdo mais técnico, que a sua audiência gosta de receber por email, mas não faz questão de participar. Em outras palavras, poderia dizer que o substack é mais para jornalistas e o locals mais para influenciadores. Mas isso não é regra.

Giovanni Ramos

Jornalista, consultor de comunicação, investigador de media regionais.

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