Jornalismo local, regional, comunitário. Afinal, são muitos os termos para o jornalismo de proximidade. Em outras palavras, é aquele onde o jornalista tem uma relação mais próxima com o público. A Universidade da Beira Interior vai debater o tema no começo de outubro, um debate que é importante para o Brasil.
The Re/media.Lab é quem orgnanizará o I Encontro Nacional de Jornalistas de Meios Regionais. O laboratório trabalha o desenvolvimento do jornalismo de proximidade em Portugal. O projeto é dividido em três fases: dianóstico, laboratório e incubação. Por exemplo, na fase laboratório, a Festa da Cereja e o Viva Covilhã foram criados.
Será a primeira vez que Portugal terá um encontro de jornalistas regionais, mas o tema tem espaço por aqui. A universidade já teve outros projetos ligados a mídia regional, como o Agenda dos Cidadãos. O país possui uma lei para a imprensa regional e há incentivos do governo para os jornais.
No entanto, o jornalismo de proximidade em Portugal precisa avançar muito. Os jornais locais ainda têm dificuldades de migração para o digital. Muitos deles ainda vivem somente do impresso. E por fim, temos um deserto de notícias no interior, longe do litoral.
Perguntas para o jornalismo de proximidade
Eu pesquiso o assunto desde 2016, depois de ficar 10 anos trabalhando no jornalismo de proximidade no Brasil. Vi a ascensão dos jornais que formam a Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina (Adjori-SC). Mas também vi a crise de 2015/2016 varrer alguns jornais do mapa e criar um clima de instabilidade permanente no setor.
As universidades, no mundo inteiro, estão dando mais espaço para a pesquisa neste setor. E para o encontros dos jornalistas de proximidade de Portugal, eu levo algumas perguntas que servem também para o Brasil:
- Fontes de receita: os jornais locais vão depender sempre do poder público local para sobreviver?
- Novos públicos: As cidades pequenas em Portugal precisam de mais gente. Os jornais conseguem falar com os novos moradores?
- Regulação: não está na hora de falarmos em mudanças na regras da comunicação? Como se faz para registrar um podcast na ERC? (e não está na hora de falarmos em regulação no Brasil?)
- Autoridade e concorrência: vamos discutir o papel de blogueiros, podcasters e influenciadores de redes sociais na comunicação sem preconceitos? Afinal, eles fazem parte do nosso mundo, mesmo que a gente não goste.
- Formação: vamos ensinar os estudantes a empreenderem no jornalismo, ou seja, ensinar o mínimo de gestão, marketing e outros assuntos?
Ps. O autor deste blog repudia o discurso exagerado do empreendedorismo como caminho para todos os profissionais. Defendo que os jornalistas aprendam a gerir negócios muito devido a crise nos meios de comunicação. No entanto, jamais defenderei a precarização do trabalho por uma terceirização das atividades.