55 ANOS DO GOLPE
A ordem do presidente para que se façam comemorações alusivas ao dia 31 de março, 55 anos do golpe que depôs o presidente João Goulart, nada mais é do que uma cortina de fumaça para esconder a sua incompetência e manter o país no clima eleitoral do ano passado. O atual ocupante da presidência sempre foi um defensor da Ditadura Militar e sempre vangloriou 1964 mesmo que este golpe tenha sido dado pelos civis do Congresso Nacional. Mas Bolsonaro busca agora, brigar com os setores progressistas e tirar o foco das inúmeras crises do seu governo.
GOLPE CIVIL, NÃO MILITAR
Quando o assunto é 31 de março de 1964, é bom sempre lembrar que este golpe foi civil, unindo UDN, parte do PSD, imprensa, setores da sociedade civil, igreja e também os militares. Quem executou foi o Congresso, que declarou a cadeira de presidente vaga acusando Goulart de deixar o país sem permissão (ele estava no Rio Grande do Sul e não no Uruguai). Foi o Congresso que depôs Jango e colocou o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco na presidência. Foi feito tudo às claras, com o Supremo e com tudo, como diria Romero Jucá.
PROBLEMAS REAIS
Discutir esse tema hoje, em meio a polarização extrema, é inútil. Vai apenas acirrar ânimos. E é exatamente isso que Bolsonaro quer. Quer o povo discutindo nas ruas se 1964 foi bom ou ruim, para não falar da sua incapacidade de dialogar com os deputados e senadores, sobre as brigas entre os setores que dão sustentabilidade ao governo, sobre o fim da paciência dos militares com o astrólogo Olavo de Carvalho. Entrar na discussão de 1964 é dar tranquilidade ao presidente.
PACIÊNCIA ACABANDO
Verdade que o Real teve uma valorizada na segunda-feira (25), assim como a Bovespa. Porém, não o suficiente para recuperar a queda da semana passada, quando o mercado financeiro deixou claro que está perdendo a paciência com o governo. O candidato dessa turma nunca foi Bolsonaro (eles preferiam Alckmin ou Amoedo) e começa a ficar evidente que nem mesmo Paulo Guedes consegue dar um rumo a essa gestão.
VOLTA, TEMER
Depois de ser libertado da prisão preventiva, o ex-presidente Michel Temer pode continua no foco do noticiário. O Centrão, a sua boa e velha base no Congresso, cogita ressuscitar a reforma da previdência do governo anterior, um caminho para agradar os mercados e ao mesmo tempo mostrar a Bolsonaro que ele precisa aprender a fazer política. Se as esquerdas forem espertas, costuram uma reforma light, necessária mas que não agrida os trabalhadores junto com o Centrão, e juntos impõe uma derrota vergonhosa para o Planalto.