O podcaster Monark está fora do Flow Podcast e também dos Estúdios Flow, onde era um dos sócios. A decisão foi tomada após nova polêmica envolvendo o apresentador e uma tal liberdade de expressão. No episódio de segunda-feira, 7, com os deputados Kim Kataguiri (Podemos-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), Monark defendeu o direito de pessoas no Brasil montarem um partido nazista, em nome da liberdade de expressão.
Ou seja, a fala ofendeu anunciantes, integrantes de outros podcasts dos Estúdios Flow, a comunidade judaica, obviamente, entre outros atingidos. De acordo com o próprio Monark, ele estava bêbado durante o programa. Por isso, pediu desculpas pelo que falou.
Monark é um conhecido defensor da liberdade de expressão sem limites, isto é, liberdade até para expressões que sejam criminosas. Não é a primeira vez que ele se envolve em polêmica em nome de uma ideologia torta. Vamos discutir esse assunto em pontos:
Liberdade de Expressão exige responsabilidade
Falar entre amigos é uma coisa. Porém, para 30 pessoas num canal de baixa audiência é outra. E falar para milhares de pessoas num podcast de massas, um dos mais ouvidos no Brasil, é completamente diferente.
Liberdade de expressão exige responsabilidade. Comunicação social é coisa séria. Não é simplesmente ligar um microfone e sair transmitindo qualquer conversa pela internet. Portanto, uma comunicação social mal feita machuca, prejudica a sociedade, uma comunicação social mal feita até mata. São vários os casos de pessoas acusadas injustamente por meios de comunicação, pessoas que tiveram suas vidas destruídas por um suposto jornalismo muito mal feito.
Antes de tudo, Monark não é nazista. Mas não possui capacidade de debater o assunto liberdade de expressão. Despreparado, falou a coisa mais absurda que poderia falar sobre liberdade. E depois achou que apenas se expressou errado. Não! O Monark não possui condições de debater seriamente o assunto. E a partir do momento que fez isso, agiu de forma irresponsável.
Comunicação exige responsabilidade e maturidade
Monark pediu desculpas afirmando que estava bêbado enquanto apresentava. Nem vou aqui discutir o uso do álcool como desculpa para crimes. Vamos imaginar que ele, de fato, estava bêbado. Que tipo de profissional da comunicação é esse que apresenta embriagado? Tornar a conversa algo mais próximo de uma mesa de bar não justifica estar bêbado. A conversa pode lembrar uma mesa de bar, MAS NÃO É. É um programa de massas, que atinge e influencia muita gente. Fazer isso é irresponsabilidade, uma imaturidade.
Aonde você está anunciando?
Uma empresa, ao anunciar seu produto em um meio de comunicação, busca aumentar as vendas e divulgar a sua marca para um grande público. Um princípio básico que justificaria qualquer empresa anunciar em blogs, canais no YouTube, páginas nas redes sociais e podcasts, mesmo não profissionais e não jornalísticos, pois o que interessa é a audiência desses meios.
A rápida desistência de alguns anunciantes do Flow após a fala de Monark mostra que o buraco é mais embaixo. Quanto uma empresa anuncia, ela atrela a sua marca, o seu produto, ao meio de comunicação onde o anúncio está sendo veiculado. O meio é a mensagem.
Afinal, é curioso ver os critérios utilizados para anunciar nos meios digitais atuais. Ética, responsabilidade, profissionalismo, tudo foi deixado para trás. O importante é estar onde “bomba”, independente de quem é que “está bombando”.
Portanto, o jornalismo sério, independente do tamanho, tem uma oportunidade neste caso. É preciso separar o joio do trigo, mostrar quem é quem na comunicação social. Dessa forma, o caso Monark mostrou que anunciar em qualquer meio digital que faz sucesso pode ser altamente arriscado.